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ENCONTRO COM O SR BRASIL


Quando menino, lembro-me sentado na sala dos meus avós tocando violão e cantando as músicas que havia aprendido com a família. O tio Beto, irmão da vó Elza, silenciosamente ouvia. Ele morava na cidade de Goiás Velho e, vez por outra, passava uns dias em Goiânia para visitar os médicos na peregrinação pela saúde já um tanto combalida.

Quando terminei uma das canções ele suspirou e me perguntou: “Por que você não segue a carreira musical, vira um Rolando Boldrin?”. Eu sorri respeitosamente e disse: “Tio Beto, isso é impossível para mim, um menino do interior do país”. Não sei porque, mas aquele momento ficou marcado na minha memória.

Os anos passaram rapidamente. Tio Beto faleceu algum tempo depois. Segui tocando minha viola e meu violão. Agora não só cantando as músicas aprendidas na família, mas também compondo e gravando. Viajei por lugares e pisei palcos que nunca imaginei pisar. Tenho plena convicção que tudo isso é graça de um Deus que vai adiante abrindo portas e mostrando por onde passar e pisar, levando minhas canções.

Pois bem… Numa manhã de novembro desse ano abri meu computador para trabalhar e percebi uma mensagem luminosa na minha caixa postal. Tremi nas bases: era um contato da produção do Sr Brasil, programa da TV Cultura, apresentado, pasmem, pelo Rolando Boldrin. Era um convite a gravar. Fui invadido por antigas lembranças, gratidão a Deus e tentando imaginar como seria aquele momento.

Na data marcada viajei com a Claudia, minha esposa, Enos Marcelino e o Dido Mariano - companheiros da banda - para São Paulo. Lá nos encontramos com o Sandro Araújo, velho parceiro, e gravamos o programa. Parecia um sonho aquilo tudo: tocar no SESC Pinheiros, gravar no Sr Brasil, assentar naquele banco por onde passaram inúmeros artistas que admiro profundamente, ao lado do Rolando Boldrin. Era muita emoção.

Ouço Boldrin desde a minha meninice, quando viajávamos na camionete do vô Nacim para a Barra, ou com meus pais para o Rio Araguaia. Ele era companhia sempre presente, ao lado de Luiz Gonzaga, Tião Carreiro e Pardinho, Cascatinha e Inhana, entre outros. Sempre o admirei. E agora eu estava lá, ao lado daquele ícone da música popular brasileira. Uma honra dada por Deus.

Enquanto preparávamos para a gravação, conversei um bom tempo com ele, no famoso banco de madeira, e pude contar-lhe sobre a conversa do tio Beto. Disse o que aquele momento significava para mim. Ele graciosamente respondeu: “Você é muito bem vindo. A honra é nossa recebê-lo nesse programa”.


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